segunda-feira, 18 de julho de 2016

Máquina

O peito ferve mais que água
Enclausurado em uma dor
Essa máquina chamada coração
Está quebrada
Não rebobina mais

As peças soltas e gastas
Já não encaixam
E muito menos voltam pro lugar

A inquietação aperta forte
E esse coração sem sorte
Só funciona no tranco

Mais velho e incerto
Cheio de peças trincadas
E marcas de ferrugem

Quando chegar ao ato final
Essa máquina vai explodir
Quero ser o primeiro a ver a destruição
Vai ter pó pra todo lado
E o tempo de concertar o passado
Se tornará solidão.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Narcisos

Eles eram narcisos
Quando se encontraram
A beleza de ambos
Os encantou

Ao tirar os olhos
Do próprio reflexo
Cada um via
No fundo dos olhos
A beleza do outro

Mesmo voltando-se
Ao lago onde se viam
A mente permanecia
No belo narciso visto

Então após o tempo
Eles se tornaram flores
O reflexo já não importava mais
Apenas o buque que eles eram
Quando estavam juntos.